segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ritmo


O poeta me diz que a vida parou, ou que talvez tenha sido o automóvel...

Não!

Quem parou fui eu!

Os carros ao meu lado passam tão rápido que não vejo mais que borrões multicoloridos,

O mundo gira tão depressa que já estou terrivelmente zonza e embriagada pelo seu movimento.

Mas eu?

Ah, eu...

Eu desacelerei meu ritmo para agilizar minha alma,

Acelerei meu corpo para aquietar minha mente.

Eu que parei!

Parei de martírios, remorsos, delírios.

Parei!

Aquieto-me inquieta em minha contradição.

Condição irrefutável de mim.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Nós


Queremos nos fazer queridos
Mas receamos o que isso pode trazer
Na fuga da luta nos fazemos feridos
E choramos a dor que se fez merecer


Nos apegos aos laços que julgamos atar
Forçamos o pouco a tornar-se maior
Inocentes queremos o laço apertar
E o vemos virar indissolúvel nó

domingo, 7 de junho de 2009

Vínculo [A]Temporal



Qual o sucesso de um relacionamento?

É o tempo que se passa junto ao outro? É a intensidade das vivências tidas independente do quanto perdurem?

Algumas pessoas exaltam o casamento de 40 anos, a mãe velhinha que mora ainda em sua casa, a amizade que se tem desde a infância...

Parece que o tempo se tornou medida de qualidade.

Relaciona-se em proporção direta o quanto algo é bom com o quanto algo é duradouro.

Mas até que ponto isso é válido? Até que ponto tudo que é duradouro é bom? E por outra via, até que ponto tudo que é recente é menos digno de admiração?

Há casais juntos há 40 anos, mas há 30 se agridem, há 23 se traem e há 18 já se tornaram estranhos um ao outro, compartilhando não mais momentos de desfrute, mas sim contas a pagar.

Há mães idosas que moram ainda com seus filhos, mas quase não os veem de tanto que eles trabalham; e, quando juntos, ainda assim estão separados, pois são como dois planetas orbitando em diferentes sóis, com velocidades e peso gravitacional tão distintos que o único fator em semelhança é que são planetas, são humanos.

Amigos de infância que quando reunidos só o que fazem é relembrar com nostalgia as peripécias do passado,pois o presente não constrói mais histórias com tanto vigor, isso é, se é que constrói alguma ainda.

Creio assim que muito mais que o tempo, tem valor a vivacidade.

Explico-me: a maneira de se viver algo é muito mais importante do que quanto tempo se vive aquilo.

Um amor que "seja eterno enquanto dure", uma relação pais-e-filhos enriquecedora, uma amizade intensa... tudo isso são coisas louváveis, independente de acontecerem ao longo de longos anos ou de saudosos meses.

Além do que, quando algo é bom, é provável que perdure. E a ordem deveria ser precisamente essa: é duradouro porque é bom, e não julgar como bom apenas por ter caráter duradouro.

Vínculos não são necessariamente eternos, mas nem por isso precisam deixar de ser intensamente fortes. Ainda que breves.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

[Re] Construção


Arruinando muralhas de tempos já idos
Anulando castelos preconcebidos
Exilando seres de mundos perdidos
Reajuntando pedaços que jaz divididos