sábado, 3 de outubro de 2009

Partes


Um espelho e quatro rostos:

Quem fui...

Quem serei...

Quem sou...

E um outro, de procedência ainda oculta.



Um espelho e quatro rostos de uma pessoa só!

Ou de muitas,

Enclusuradas numa única...

Que tenta desesperadamente ser todas,

Sem ferir nenhuma.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mar Revolto

Quantos mistérios compõem a vida?
Tantas idas... e vindas... e voltas...
Tantas revoltas vividas
Fluxos contidos por infinitas reviravoltas

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Balança

Ainda que eu tentasse inconscientemente te perder
Eu jamais suportaria que assim fosse...
Por mais que tudo o que eu mais queira de você é você
Eu jamais te enganaria com uma pose...

***
As vezes ser tão conflitante me cansa.
Me canso de ter vários pontos de vista e defender para mim mesma qual é o certo...
Ou pelo menos qual é o menos errado.
De ter tantas escolhas possíveis e assim optar por todas...
Ou por nenhuma.
... Logo eu que prezo tanto o equilíbrio...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cortina




Através da sedosa cortina - tão fina
Eu tentava esconder minha satisfação naquele instante
Que explodia estonteante
Por debaixo da imensidão daquele ser

Clareou o branco quase sem querer
Na escuridão que se fazia
E o que outrora eu escondia
Já não podia não se ver

Cintilando outra vez me denuncia
O que cautelosamente eu pretendia
De algum forma te esconder

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ritmo


O poeta me diz que a vida parou, ou que talvez tenha sido o automóvel...

Não!

Quem parou fui eu!

Os carros ao meu lado passam tão rápido que não vejo mais que borrões multicoloridos,

O mundo gira tão depressa que já estou terrivelmente zonza e embriagada pelo seu movimento.

Mas eu?

Ah, eu...

Eu desacelerei meu ritmo para agilizar minha alma,

Acelerei meu corpo para aquietar minha mente.

Eu que parei!

Parei de martírios, remorsos, delírios.

Parei!

Aquieto-me inquieta em minha contradição.

Condição irrefutável de mim.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Nós


Queremos nos fazer queridos
Mas receamos o que isso pode trazer
Na fuga da luta nos fazemos feridos
E choramos a dor que se fez merecer


Nos apegos aos laços que julgamos atar
Forçamos o pouco a tornar-se maior
Inocentes queremos o laço apertar
E o vemos virar indissolúvel nó

domingo, 7 de junho de 2009

Vínculo [A]Temporal



Qual o sucesso de um relacionamento?

É o tempo que se passa junto ao outro? É a intensidade das vivências tidas independente do quanto perdurem?

Algumas pessoas exaltam o casamento de 40 anos, a mãe velhinha que mora ainda em sua casa, a amizade que se tem desde a infância...

Parece que o tempo se tornou medida de qualidade.

Relaciona-se em proporção direta o quanto algo é bom com o quanto algo é duradouro.

Mas até que ponto isso é válido? Até que ponto tudo que é duradouro é bom? E por outra via, até que ponto tudo que é recente é menos digno de admiração?

Há casais juntos há 40 anos, mas há 30 se agridem, há 23 se traem e há 18 já se tornaram estranhos um ao outro, compartilhando não mais momentos de desfrute, mas sim contas a pagar.

Há mães idosas que moram ainda com seus filhos, mas quase não os veem de tanto que eles trabalham; e, quando juntos, ainda assim estão separados, pois são como dois planetas orbitando em diferentes sóis, com velocidades e peso gravitacional tão distintos que o único fator em semelhança é que são planetas, são humanos.

Amigos de infância que quando reunidos só o que fazem é relembrar com nostalgia as peripécias do passado,pois o presente não constrói mais histórias com tanto vigor, isso é, se é que constrói alguma ainda.

Creio assim que muito mais que o tempo, tem valor a vivacidade.

Explico-me: a maneira de se viver algo é muito mais importante do que quanto tempo se vive aquilo.

Um amor que "seja eterno enquanto dure", uma relação pais-e-filhos enriquecedora, uma amizade intensa... tudo isso são coisas louváveis, independente de acontecerem ao longo de longos anos ou de saudosos meses.

Além do que, quando algo é bom, é provável que perdure. E a ordem deveria ser precisamente essa: é duradouro porque é bom, e não julgar como bom apenas por ter caráter duradouro.

Vínculos não são necessariamente eternos, mas nem por isso precisam deixar de ser intensamente fortes. Ainda que breves.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

[Re] Construção


Arruinando muralhas de tempos já idos
Anulando castelos preconcebidos
Exilando seres de mundos perdidos
Reajuntando pedaços que jaz divididos


sexta-feira, 29 de maio de 2009

Acordar




Gostos que vão, que vem
Algo na alma que ficou além
Na saída da noite, na chegada do sol
Lembranças que em mim ficam como em formol

Tentativas em vão
Os meus gritos ao léu
Lanço ao destino
O calor de meu mel

Propositalmente meu corpo expôs
Fatos intensos que minha mente propôs
No intuito de o opaco colorido tornar
Sutilmente me vou convidando a
a.cor.dar.