domingo, 7 de junho de 2009

Vínculo [A]Temporal



Qual o sucesso de um relacionamento?

É o tempo que se passa junto ao outro? É a intensidade das vivências tidas independente do quanto perdurem?

Algumas pessoas exaltam o casamento de 40 anos, a mãe velhinha que mora ainda em sua casa, a amizade que se tem desde a infância...

Parece que o tempo se tornou medida de qualidade.

Relaciona-se em proporção direta o quanto algo é bom com o quanto algo é duradouro.

Mas até que ponto isso é válido? Até que ponto tudo que é duradouro é bom? E por outra via, até que ponto tudo que é recente é menos digno de admiração?

Há casais juntos há 40 anos, mas há 30 se agridem, há 23 se traem e há 18 já se tornaram estranhos um ao outro, compartilhando não mais momentos de desfrute, mas sim contas a pagar.

Há mães idosas que moram ainda com seus filhos, mas quase não os veem de tanto que eles trabalham; e, quando juntos, ainda assim estão separados, pois são como dois planetas orbitando em diferentes sóis, com velocidades e peso gravitacional tão distintos que o único fator em semelhança é que são planetas, são humanos.

Amigos de infância que quando reunidos só o que fazem é relembrar com nostalgia as peripécias do passado,pois o presente não constrói mais histórias com tanto vigor, isso é, se é que constrói alguma ainda.

Creio assim que muito mais que o tempo, tem valor a vivacidade.

Explico-me: a maneira de se viver algo é muito mais importante do que quanto tempo se vive aquilo.

Um amor que "seja eterno enquanto dure", uma relação pais-e-filhos enriquecedora, uma amizade intensa... tudo isso são coisas louváveis, independente de acontecerem ao longo de longos anos ou de saudosos meses.

Além do que, quando algo é bom, é provável que perdure. E a ordem deveria ser precisamente essa: é duradouro porque é bom, e não julgar como bom apenas por ter caráter duradouro.

Vínculos não são necessariamente eternos, mas nem por isso precisam deixar de ser intensamente fortes. Ainda que breves.

Um comentário:

  1. Com certeza tem razão, há dias que valem por anos, e vice-versa, portanto fica complicado julgar o que for por esse misterioso e maleável sr. tempo, rs, ele que seja só um instrumento pra gente, rs, pois há tempo pra todos, e pra tudo,rs
    Bons dias de frio.

    "Tempo de dá colo, tempo de decolar
    Tempo de dá colo, tempo de decolar
    O que há é o que é e o que será"
    TEATRO MÁGICO

    ResponderExcluir